Protocolos de higiene, hábitos e até novas leis são utilizados para que a atividade portuária não pare durante a pandemia
Por João Paulo Macena - Algo Mais Consultoria e Assessoria
A pandemia do novo coronavírus mudou a rotina de pessoas e negócios em todo o planeta. Em empresas de logística e nos portos brasileiros o cenário não foi diferente. Desafios foram surgindo com o avanço da Covid-19, mas os terminais não pararam; passaram a seguir à risca novas instruções e medidas de mitigação da doença definidas pelo Ministério da Saúde, bem como normas da Agência Nacional de Transporte Aquaviários (ANTAQ), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Receita Federal.
O novo cenário também mexeu na legislação portuária, sobretudo após o Senado aprovar a medida provisória (MP) 945/2020, que determina, entre outros aspectos, o afastamento remunerado dos trabalhadores portuários avulsos pertencentes ao grupo de risco da Covid-19, ou que apresentem sintomas. A MP ainda incluiu a categoria como serviço essencial, para evitar o desabastecimento das cadeias produtivas.
As empresas que trabalham diretamente com o abastecimento e oferta de serviços a embarcações, consequentemente, também tiveram que se adaptar. Uma delas foi a Maritime Ship Service, empresa alagoana que atua não somente no Porto de Maceió, mas em outros portos do Nordeste como do Recife e Suape (PE), Natal (RN), Cabedelo (PB) e Barra dos Coqueiros (SE).
Segundo Rafael Tavares, supervisor de Logística da Maritime, o principal desafio veio logo no início da pandemia a partir de uma portaria publicada pela Receita Federal, que alterou todo o processo de prestação de serviços nos portos e tornou a atividade impraticável. Mais tarde, a Receita publicou uma nova portaria tornando o acesso dessas empresas aos portos mais flexível, mas mantendo o rigor necessário.
“O acesso aos portos ficou ainda mais rigoroso, com mais restrições para que todos os funcionários tomassem todas as precauções de segurança possíveis contra a Covid-19, exigindo o uso de máscara, luvas e equipamentos de segurança”, lembrou.
Outro desafio foi o próprio isolamento social que impossibilitou o contato físico dos funcionários dos portos e das empresas fornecedoras com algumas embarcações e tripulações inteiras. O Porto de Maceió, que passou por um processo de desinfecção, publicou logo nas primeiras semanas da pandemia uma instrução própria regulamentando sua atuação e novas regras no processo de atracação de embarcações cargueiras em rota internacional (incluindo restrições ao contato com tripulantes), impactando alguns processos que tiveram que ser reinventados com o auxílio de novas tecnologias.
“Uma das coisas que mais mudou durante a pandemia foi a conferência da mercadoria, visto que muitas embarcações não permitem que os colaboradores subam a bordo, evitando a conferência da mercadoria junto com a tripulação”, completou o supervisor.
Mas, que medidas as empresas estão tomando?
As empresas que trabalham diretamente com o setor portuário e não puderam fechar as portas, como a Maritime, também buscaram criar protocolos próprios em consonância com as atividades comerciais, portos e novos decretos estaduais. A empresa alagoana adotou home office para parte da equipe, outra parte atuou em escala.
Thiago Nascimento, diretor da Maritime, destacou que a empresa também contratou um funcionário para receber os colaboradores, fornecedores, clientes e entregadores, averiguando a temperatura e recomendando a higienização das mãos e materiais com álcool em gel. Para lavar as mãos, foi adaptada uma pia com água e sabão na porta da empresa. Tudo isso mostra o quanto o poder de transformação é importante para pessoas e negócios.
“Um dos lemas que mais passamos para nossa equipe é ‘quem mexeu no meu queijo’, ou seja, sempre teremos mudanças. Essa não foi a primeira e nem vai ser a última. Temos que absorver todas as coisas boas e aprender o máximo com elas”, afirmou Thiago Nascimento.
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